Illustration credit: Vecteezy

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Hotel Fazenda Point da Pesca Corumbá - O lar dos gigantes amazônicos

Olá, amigos e leitores! 
Mais uma vez, nossa equipe seguiu viagem rumo ao estado de Goiás, terra de gigantes, onde descobrimos um novo pesqueiro que abriga enormes exemplares de espécies amazônicas, e fomos buscá-las!  

O Point dos gigantes

Tudo começou quando eu (Pedro) chamei meu tio André para pescar comigo, pois ele nunca havia nos acompanhado. Como ele gosta muito de viajar, pudemos pesquisar lugares mais distantes. Após pesquisar um pouco, descobrimos o Hotel Fazenda Point da Pesca, em Alexânia - GO, a menos de 70 quilômetros de Brasília - DF. O Point da Pesca conta com diversos lagos para a prática da pesca, mas dois merecem destaques por comportarem exemplares gigantes: O Lago 01(que só funciona na pesca noturna das sextas-feiras e nos fins de semana)  e o Lago 02 (do chalé de madeira). 

As histórias que achamos sobre os pirarucus e pirararas do local eram simplesmente surreais, então não foi difícil termos certeza do nosso destino. Agendamos nossa pescaria no local para o mês de outubro de 2014 e começamos os preparativos empolgados com a fama do "Point". Fomos em seis pescadores: eu, meu tios André e Beto, meu pai (Hilton), meu avô (Raimundo) e meu amigo Lucas. 
O dia da viagem enfim chegou, após muita ansiedade e espera, e quem já foi sabe que as paisagens do cerrado goiano parecem exalar uma aura de pescarias de sucesso. Saímos de madrugada e chegamos ao hotel fazenda na parte da tarde de uma quarta-feira. Eu e o Lucas ficamos no chalé de madeira às margens do lago 02, e o restante do grupo em apartamentos próximos. 

Primeiras emoções

O Lucas e eu fomos direto para o lago, enquanto os outros preferiram descansar um pouco. Começamos a pescar usando boias cevadeiras e torpedos com iscas como salsicha e ração, mas não obtivemos nenhuma ação! Assim, mudamos a pescaria para a modalidade de fundo. A primeira ação veio na tralha pesada armada para pirarucus , na qual uma linda tambatinga foi fisgada com queijo e brigou a ponto de eu achar que fosse algo bem maior. Ali estava o primeiro peixe da viagem.


Os peixes insistiam em não comer naquela tarde, mas aos poucos conseguimos algumas fisgadas. Usando salsicha de fundo, o Lucas garantiu um tambacu que nos fez dar a volta no lago por se enroscar nas linhas de outros pescadores, mas saiu para as fotos. 

Com o fim da tarde chegando, preparei os equipamentos para buscar os peixes de couro, todss colocados na lateral do lago, ao lado dos chalés. As iscas utilizadas foram linguiça calabresa, salsicha e queijo muçarela. Como estávamos no sistema de revezamento, o Lucas foi o primeiro a capturar um jundiá-onça com um pequeno pedaço de linguiça encostado na margem.

O Beto veio nos acompanhar e logo fisgou seu tambacu usando salsicha no fundo, um peixe de linda coloração que tomou muita linha. Eles estavam começando a aparecer! 

Tivemos boas ações com alguns exemplares perdidos por anzóis abertos e linhas arrebentadas, mas assim que escureceu, veio uma surpresa! A vara mais leve que estava com linguiça flutuando na lateral do lago estava quase sendo retirada do suporte por um grande peixe, então eu fui correndo e fisguei, tendo como resposta uma curta tomada de linha que resultou no peixe "batendo a cabeça" no barranco. Na hora, chamei meus parceiros: "Podem vir que é pirarara!". Dito e feito, uma briga de mais de vinte minutos num equipamento bem leve que pode ser acompanhadaabaixo me presenteou com nosso primeiro exemplar do rabo vermelho! 





Depois desse peixe, começou o massacre dos jundiás-onça nas nossas iscas! Foi uma sequência incrível, não ficamos mais do que cinco minutos sem peixes fisgados, com salsicha, muçarela ou linguiça. Espécie híbrida muito forte que existe em abundância no Point da Pesca Corumbá, ela garantiu a diversão da noite. Lembrando que a pesca no local necessita do acompanhamento dos funcionários para o manuseio dos peixes, e as atividades se encerram às 22 horas. 





A interrupção da sequência se deu quando tive a ação de outra pirarara novamente no equipamento leve, que atravessou o lago e acabou estourando a linha num enrosco. 
Ainda antes de dormirmos, arremessei uma salsicha flutuante no meio do lago e tomei uma explosão que me surpreendeu, seguida de saltos de um gigante: era o meu primeiro pirarucu! Mas em menos no segundo salto, a linha monofilamento 0,35mm se rompeu. Com o encerramento das atividades de pesca do dia, entrei para o chalé e resolvi trocar a linha que havia estourado por uma multifilamento de 50 libras de resistência, usando um líder de monofilamento de 80 libras de resistência com 1 metro de comprimento (para que o multifilamento não fira os peixes fisgados), buscando evitar outras perdas. Mal sabia eu da surpresa que teria...

A vez dos gigantes

No dia seguinte, acordamos cedo e falei ao meu pai, que não havia pescado no dia anterior, que ele deveria armar uma tralha na lateral do lago pela quantidade de ações de pirararas no dia anterior. Ele capturou uma tilapinha no lago menor abaixo do chalé e arremessou-a no local indicado. Em menos de cinco minutos, a linha esticou lentamente e eu dei uma forte fisgada, chamando-o para assumir a briga. Acompanhem abaixo a batalha com o lindo exemplar que veio para abrir nosso dia.




Assim que outras pessoas chegaram para pescar e o lago se encheu de boias, não capturamos mais nada. Fui dar uma volta no lago e notei um casal de pirarucus na lateral esquerda, que estava vazia; arremessei o equipamento cuja linha eu havia trocado na noite anterior usando uma salsicha flutuante e eles simplesmente sumiram. Então, fui buscar uma garrafa de água - o Sol goiano não perdoa... - e deixei a vara no suporte com a salsicha encostada na água, bem na margem. 
Assim que cheguei ao chalé, vi minha vara de fundo que estava com coração de boi dar alguns puxões bem discretos; fisguei e obtive em troca uma corrida rápida e ininterrupta, característica de peixes de bom porte. Como eu usava um equipamento mais leve leve, a briga durou vários minutos até que o maior redondo da pescaria prancheou e saiu para as fotos. 


Após soltar o exemplar, me lembrei de buscar a vara que havia ficado na outra margem do lago. Quando cheguei lá, um senhor ao meu lado disse: "Tem um peixão aí, ele nem quer nadar, comeu sua isca e ficou quietinho..."
Achei que ele estava brincando ou que no máximo se tratava de uma cachapira, mas quando peguei a vara e fisguei, o pirarucu gigante estava ali, a uns dois metros da margem, parado e tranquilo. Travei o carretel com o polegar e vim rebocando o peixe, que simplesmente nadou rumo à margem. Na hora pensei comigo mesmo: "Poxa, esperava mais do meu primeiro pirarucu, nem tomou linha..."
Porém, bastou um funcionário do local chegar perto do bichão com o puçá, e o pirarucu atravessou o lago tomando linha e boiando, passando pelas linhas de todos os pescadores. Saí correndo, passando por cima daquelas linhas até chegar na outra margem, onde os funcionários disseram que seria mais fácil retirá-lo. Então, teve início a mais extensa briga com um peixe da minha vida! Por ser o meu primeiro e por medo de afogar o peixe (o pirarucu é uma espécie que respira ar atmosférico, e rebocá-lo pode fazê-lo literalmente se afogar), eu trabalhei por muito tempo com a fricção bem aliviada, o que simplesmente nem fez cócegas no peixe... 
Aos poucos, o cansaço gerado pela briga e pelo calor me esgotaram, até que eu resolvi botar pressão no limite do equipamento para ver se tinha resultado. E enfim, após insanos 112 minutos de peleia, o gigante entrou no passaguá e posou para as fotos! A essa altura, a bateria da filmadora já havia se esgotado e as fotos foram feitas pelo celular. Confiram abaixo o vídeo de momentos da briga e as fotos do troféu da pescaria.



O enorme pirarucu cravou exatos 170 centímetros de comprimento, sendo um dos maiores peixes desse lago, sem dúvida alguma. Verdadeiro gigante amazônico para se comemorar, e nada melhor do que tomar um banho com ele no momento da soltura!



Surpresas na noturna

Após esse peixe, eu até parei de pescar para descansar o braço, e só tivemos novas capturas no fim da tarde, quando o Beto fisgou alguns tambacus na pesca com fígado de boi no fundo.


Resolvemos fazer uma pesca leve com massa de maracujá enquanto os gigantes não apareciam, com mais resultados: meu avô capturou uma linda tilápia e o Lucas, mais um tambacu. 


Já no escuro, um tambacu fisgado com pedaço de peixe no meio do lago pelo Paulo. Um belo jundiá-onça também marcou presença no equipamento pesado iscado com tilapinha viva, e o Hudson, prestativo funcionário do local que estava nos acompanhando, fez as honras da briga. 


Passando pela lateral do lago oposta ao chalé, notei o equipamento pesado do meu pai com indícios de peixe na linha. Fisguei e chamei-o para assumir, mas até então o suposto exemplar fisgado não tinha dado sinal de vida. Só quando meu pai travou a fricção e forçou foi que o gigante pulou e saiu tomando linha: era outro pirarucu! 


Como estava muito escuro, não pudemos filmar toda a briga, mas após alguns minutos o belo peixe de 152 centímetros de comprimento apareceu para nossas lentes. Mais um gigante amazônico!



Após soltá-lo, descemos direto para a cozinha e fomos jantar. Ao voltarmos, notei que uma das minhas varas que estava com salsicha flutuando em frente ao chalé tinha peixe engatado. Confirmei a fisgada e de cara vi que era um peixe pesado - imaginei ser um pirarucu pequeno. Chamei o Lucas e pedi para que ele brigasse com o exemplar. Assim, dividimos a briga que durou alguns minutos e trouxe à superfície uma exótica cachapira (híbrido resultante do cruzamento entre cachara e pirarara), peixe novo para a nossa equipe.

Briga pesada e conjunta resultando em um belo peixe, nada mais justo do que muitas fotos e com direito a um belo banho no momento da soltura! 


E para encerrar o dia, o Lucas ainda fez uma última captura de peixe redondo usando cabeça de tilápia no fundo - eles realmente estavam intrusos na pesca dos grandes exemplares.


Brigas peso-pesado

Como já havíamos aprendido um pouco a respeito dos hábitos dos peixes do local, na manhã seguinte, logo após acordarmos, falei para o meu pai arremessar uma cabeça de tilápia na lateral do lago, pois as pirararas ficavam ali pela manhã - vide dia anterior; ele o fez, e fiquei ao lado da vara pois sabia que não demoraria muito. De fato, em menos de cinco minutos, o alarme da carretilha tocou e eu dei uma forte fisgada, chamando-o para trabalhar o peixe, que estava tomando muita linha. Nesse momento, o Lucas havia acabado de levantar e meu pai dividiu a briga com ele. Mais um grande exemplar amazônico para nossa contagem. 





Após a soltura da pirarara, resolvi arremessar uma tilapinha viva no mesmo local em que meu pai fisgou o pirarucu na noite anterior do lago. Assim que me virei, a vara envergou e o pirarucu boiou no meio do lago. Desci uma fisgada forte e comecei a brigar com mais um gigante. Como estava usando um equipamento de potência pesada, a briga foi tranquila e após alguns minutos meu segundo pirarucu entrava no passaguá. 





Exemplar solto, enfim era hora de tomarmos café-da-manhã e respirarmos um pouco... 

Diversão com os menores

Assim que voltamos do café, encontrei meu tio André - que até então não tinha pescado - brigando no meu equipamento pesado com um jundiá-onça, peixe muito forte que consegue tomar linha como se fosse bem maior. 

Tivemos novamente aquela paradeira da manhã, então eu e o Lucas resolvemos tentar um pouco num dos lagos de peixes menores do hotel - no caso, um que fica logo abaixo do lago 02. Eu optei por usar uma boia torpedo com chicote de um metro e meio e pequenos pedaços de calabresa, enquanto meu parceiro usou boia cevadeira com chicote de um metro e meio e ração na pinga. Além de muitas caranhas, até um piauçu foi fisgado!



No lago 02, as fisgadas de redondos voltaram a acontecer já com o sol alto. As iscas que surtiram mais resultado foram massa, pedaços de peixe e embutidos (salsicha e linguiça). Até uma tilápia foi fisgada pelo André com massa de maracujá.




Enquanto isso, meu avô estava pescando no lago de pesca esportiva juvenil - devido à idade avançada, ele já não mais tem forças para encarar os grandes exemplares -, onde teve uma tarde muito produtiva e divertida! Foram dezenas de jundiás-onça fisgados com salsicha de fundo, e a alegria do Seu Rai era contagiante... 

Já às 16 horas, começamos a nos preparar para a pescaria noturna que ocorreria no lago 01, onde os relatos da quantidade de peixes de couro eram surpreendentes, e por isso a ansiedade era grande. Após levar as tralhas para o lago e escolher um quiosque, voltei para esperar o horário e fiquei pescando junto com o meu avô. Após errar algumas fisgadas, acertei um peixe maior usando somente um pequeno pedaço de salsicha com anzol direto na linha no equipamento leve. Passei o equipamento para ele e comecei a filmar. E foi nessa brincadeira que fizemos o feito de capturar o maior tambacu do laguinho! 


Esse foi sem dúvida o peixe que mais me emocionou em toda a viagem. Embora tenhamos fisgado diversos gigantes, ver o sorriso do meu avô ao retirar seu troféu mesmo com as limitações da idade não tem preço! Sem falar que esse peixe virou história que ele faz questão de contar para todo mundo...


Despedida com um massacre das Pirararas

Então, descemos para o lago 01 muito ansiosos. Assim que colocamos o samburá com algumas iscas vivas na água, presenciei uma cena impressionante: várias pirararas e cachapiras começaram a atacá-lo! Meu tio Paulo desceu um pedaço de salsicha no local e a batida foi inevitável: uma briga insana de mais de vinte minutos nos presenteou com uma pirarara monstruosa, melhor maneira de iniciar com tudo a noturna.


Fui para a outra margem do lago e arremessei metade de uma tilapinha na lateral do lago. Deixei a vara ali e fui buscar no restaurante algumas bebidas para consumirmos durante a noturna. Quando voltei, o Lucas estava me gritando pois havia fisgado um peixe bom! E de fato o pescador havia sido premiado com outra linda pirarara, a gigante amazônica do rabo vermelho



Então, arremessei a mesma isca no mesmo local e em menos de dois minutos o alarme da carretilha tocou de novo. Fisguei e comecei a briga com outra bela pirarara do pesqueiro. Ela acabou enroscando e tive que dar uma volta no lago para conseguir desenroscá-la, mas deu tudo certo e ela foi, aos poucos, sendo dominada. Mais peixe para as fotos. 


Na outra margem, o Beto estava com mais sorte que nós e fisgou várias pirararas, todas usando tilapinhas inteiras a um metro da margem. Ele fez a festa no fim da tarde, ficou com os braços doloridos! 



Enquanto isso, eu e o Lucas buscávamos os pirarucus usando salsicha flutuante, mas acabamos sendo surpreendido pelos saltos de uma enorme e esportiva matrinxã e pela explosão de uma grande pincachara. 


Esses acabaram sendo nossos últimos peixe da viagem, pois devido a uma confusão que havíamos feito quanto às datas e horários no hotel fazenda, resolvemos ir embora ainda naquela noite.
O Point da Pesca Corumbá com certeza merece ser visitado e habita muitos gigantes, mas vale telefonar e se informar sobre o funcionamento da pesca, para evitar confusões. E com certeza também, é um local que retornaremos em busca de ainda mais gigantes amazônicos! 

Por Pedro Daher