Illustration credit: Vecteezy

domingo, 1 de abril de 2012

Pescaria em São João Batista do Glória - Os sobreviventes do Rio Grande

Olá, amigos e leitores!
Realizamos duas excelentes pescarias no Rio Grande, na região de São João Batista do Glória - MG. A região sofre com os abusos da pesca predatória, mas mesmo assim ainda propicia belas fisgadas para quem insiste em buscar seus troféus, os verdadeiros sobreviventes do Rio Grande. Acompanhem abaixo alguns deles.

O gigante Trairão

A primeira pescaria foi realizada em fevereiro de 2012, por mim (Pedro), meu pai (Hilton) e minha prima Ana Flávia. Saímos de Passos - MG após o almoço e logo estávamos colocando o barco na água através da rampa pública do famoso Porto do Glória. 
Levamos apenas equipamentos leves, pois era para ser apenas uma brincadeira com alguns mandis e piaus. Por isso, nem tiramos fotos dos primeiros peixes fisgados.
Mas são nessas pescarias despretensiosas que os maiores peixes são fisgados, e foi isso o que aconteceu. Escolhemos um ponto nas proximidades da draga que retira areia do rio, local conhecido como "areeiro" que possui alguns poços com até três metros de profundidade e poucas pedras, e lá lançamos nossas iscas - minhocas iscadas em pequenos anzóis sem empate de aço. 
De repente, o equipamento leve do meu pai começa a envergar e voltar lentamente. Então, digo para ele fisgar, pois era um comportamento típico de grandes dentuças. Foi o que ele fez, tendo como resposta um salto do gigante a poucos metros do barco. Como era uma tralha subdimensionada para aquele exemplar, a briga durou vários minutos, mas após muita apreensão o trairão entrou no puçá e pôde ser fotografado. Percebemos que o peixe só não cortou a linha pois o pequeno anzol entrou bem no "canivete", caso contrário teria ido embora. Nesse momento, até eu quis segurar o troféu do meu velho. 


Após as fotos, esse exemplar - assim como todos os outros capturados nessas duas pescarias - foi devidamente solto. É sempre fantástico encontrar um peixe desse porte no Rio Grande, um verdadeiro sobrevivente que luta diariamente contra a pesca predatória. 

Insistimos muito no mesmo ponto, e eu e minha prima fisgamos diversos pequenos mandis, mas que nos divertiram bastante com o uso de equipamentos adequados. 

Assim que o tempo começou a fechar, resolvemos ir embora. Mas enquanto organizávamos as tralhas no barco, arrisquei uns arremessos na rodada, usando uma pequena chumbada e minhoca como isca em um ponto raso com fundo de areia e consegui capturar alguns mandis um pouco maiores, que vieram para encerrar nossa pescaria. 

Diversidade e mais troféus

Algumas semanas depois, já em março, eu e meu pai voltamos ao local, dessa vez acompanhados do meu amigo Gustavo, um jovem apaixonado por pescaria. Novamente, insistiríamos em peixes maiores usando tralhas leves. 
Assim que o sol saiu, já estávamos descendo o rio rumo à região conhecida como "Três Ilhas". Teríamos de ir embora antes do almoço, por isso queríamos aproveitar as primeiras horas do dia. 

No primeiro ponto em que paramos - um local com vegetação alagada propício para tucunarés -, o Gustavo abriu o dia com um grande mandi, fisgado com lambari vivo. Os tucunarés infelizmente não estavam ali. 

Resolvemos pescar alguns piaus e descemos o rio até um local com poços profundos e fundo de pedras, ambiente preferido desses peixes. Começamos a cevar usando quirera de milho e logo meu pai fisgou um lindo asa-vermelha (também conhecido como piau-flamengo) usando milho verde. 

Depois não tivemos mais ações naquele local e então resolvemos mudar de ponto. Escolhemos encostar o barco em uma margem com um droppoff (queda brusca de profundidade) evidente, pois ali poderíamos nos esconder do forte sol e ao mesmo tempo deixar as linhas na água em um local aparentemente produtivo. 
Tivemos que esperar pouco tempo até que a primeira vara envergasse e um belo mandi fosse capturado com minhoca. 

Arremessei meu equipamento mais leve com um grande chumbo no mesmo local em que o meu pai fisgou o mandi, mas logo que a isca de minhoca chegou ao fundo, a linha ficou enroscada em uma pedra. Deixei-a daquele jeito e continuei pescando. 
Após alguns minutos, a mesma vara enverga e o carretel do molinete canta. Fisguei, mas a linha ainda estava nas pedras. Então, abri o carretel e a linha esticou. Aí foi que o peixe conseguiu retirar o chumbo da loca, correndo para a margem.
Fiz muita força para "virar a cara" do exemplar, até que o enorme aracu-verdadeiro (ou piau-três-pintas) prancheou e pude erguê-lo para fazer as merecidas fotos. Ali estava mais um sobrevivente do Rio Grande. Ainda tomei um banho para soltar o peixe após a captura.

Arremessei no mesmo local do peixe anterior e antes mesmo de o chumbo encostar no fundo uma traíra já de bom porte atacou e nos presenteou com seus belos saltos. 

Mas esta não foi a última captura que aquele ponto promissor nos proporcionaria. O Gustavo, que estava insistindo nos pinchos ao lado dos aguapés em busca dos bocudos, finalmente conseguiu capturar um belo exemplar de tucunaré-azul, ao trocar a isca de meia-água por um lambari vivo. Mais uma espécie capturada no mesmo local, e que fechou nossa segunda pescaria com chave de ouro. 

Ressaltamos a necessidade de preservar o Rio Grande, que além de sofrer com as diversas barragens ao longo de seu percurso, ainda tem que lidar com a depredação da pesca predatória e da poluição diariamente, e por isso necessita da colaboração dos pescadores esportivos para continuar proporcionando boas pescarias àqueles que navegam por suas águas. 

Por Pedro Daher

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