Illustration credit: Vecteezy

domingo, 23 de junho de 2013

Pesqueiro Matrinchã - Grandes fisgadas na Baixa Temporada

Olá, amigos e leitores!
Nossas últimas pescarias, na baixa temporada, foram realizadas no Pesqueiro Matrinchã de São Sebastião do Paraíso - MG, e mesmo com o frio da região, fisgamos belos exemplares.


Brincadeira na superfície

Nossa primeira pescaria foi realizada no fim de abril. Eu (Pedro), meu pai (Hilton) e meu amigo Lucas decidimos tentar alguns peixes no local, apesar da frente fria que atingia a região naquela semana.
Chegamos ao local às 13 horas, e tivemos a sorte de, nesse horário, o funcionário estar tratando dos peixes dos tanques-rede (chamados de "gaiolas" pelos frequentadores), pois é comum os grandes redondos do lago maior aproveitarem do momento e se alimentarem da ração que sobra. O clima nublado favoreceu a alimentação deles na superfície.
Como eu não gosto muito da pesca com boias cevadeiras - prática mais produtiva no lago esportivo -, acabei ficando por ali e aproveitando o frenesi dos redondos no resto da ração para arremessar uma pequena boia torpedo com chicote curto, anzol Maruseigo 16 e como isca ração na pinga do próprio pesqueiro.
Como os redondos desse lago são antigos e bem manhosos, a técnica tem que ser o mais sutil possível, como linhas de chicote mais finas e anzois menores. Isso fez com que eu perdesse alguns bons exemplares por abrir o anzol, estourar o chicote ou mesmo enroscar nas gaiolas após tomar muita linha da fricção mais aliviada. Mas com insistência na produtiva técnica, consegui trazer uma caranha para as fotos, após uma bela briga com direito a entrada no lago para desenroscar a linha do tanque-rede.



Foi a última ação que tivemos naquele lado do lago, mesmo continuando com a ceva os peixes pararam de subir. Então, fomos para a margem oposta tentar alguma captura.
Lá, o Lucas arriscou a mesma técnica que eu utilizei para os tambas e acabou fisgando uma tilápia enorme na superfície - peixe este que eu segurei para as fotos.


Conversando com os funcionários, ficamos sabendo que no lago de cima (pesca por quilo de tilápias) havia alguns redondos, frequentemente fisgados por engano. Então, eu e meu pai decidimos tentar capturar algum, ele com uma pequena isca de meia-água e eu com o mesmo esquema de boia torpedo e ração.
Por incrível que pareça, arremessamos juntos e assim que as iscas bateram na água, duas explosões denunciavam um dublê de tambacus. Após uma boa briga, o peixe do meu pai prancheou, mas como o pesqueiro já estava fechando, fizemos o registro com a câmera do celular e o soltamos rapidamente.


O meu peixe já era um exemplar de porte maior, que não se entregou tão fácil, e quando eu resolvi forçar um pouco mais, ele estourou a linha. Tudo bem, encerrou a pescaria com um convite ao retorno. 

O dia dos bagrões

Algumas semanas depois, já em maio, novamente retornei ao local, dessa vez com meus amigos Júlio e Marcos. Mais uma vez, só começamos a pescar na parte da tarde. Dessa vez, ficamos no aterro que separa o lago das gaiolas do lago de pesca por quilo (ao lado da Casinha de Ração). Nosso foco eram as tilápias, então insistimos na pescaria de fundo com ração na pinga, sempre produtiva no local.
Após algumas capturas significativas, mas sem fotos, fomos surpreendidos por uma enorme traíra fisgada pelo Júlio nessa mesma modalidade, captura um tanto quanto inusitada.


Como, na pescaria anterior, tive sucesso com os redondos das "gaiolas" mesmo com as baixas temperaturas, decidi tentar algum novamente, mas utilizando como isca o pão de queijo de fundo, muito produtivo no Verão.
Não foi preciso esperar muito até que o primeiro peixe batesse e se enroscasse em um tanque-rede, estourando tudo. Tivemos outras ações sem sucesso, inclusive com um exemplar levando toda a linha da carretilha e estourando no nó, até que a produtiva isca acabou.
Então, ao nosso lado um grupo de pescadores começou a pescar e pediu para que déssemos a eles algumas das tilápias pequenas que capturamos ao longo do dia para usarem como isca. Eles as iscavam vivas em anzóis grandes (creio que de tamanho 5/0 ou 6/0) e simplesmente soltavam a linha paralelamente ao aterro. E era incrível, a espera durava menos de dois minutos até o ataque de alguma grande pincachara.
Vendo isso, resolvi tentar a mesma técnica na modalidade de pesca esportiva, mas usando uma boia para ver o peixe atacar na superfície. Não demorou muito para ter um desses bagres na ponta da linha após um belo bote no visual, e com um equipamento leve a briga foi intensa.

Acabei dividindo a briga com o Marcos, até o exemplar já de bom porte entrar no puçá, e assim podermos fotografá-lo. 


Os pescadores ao nosso lado haviam usado todas as tilapinhas, então acabamos perdendo muito tempo tentando fisgar alguma com o tamanho ideal para ser isca, até que, já no fim da tarde, consegui retornar à pesca das pincacharas, dessa vez usando um equipamento mais pesado.
A espera foi maior, mas quando o peixe atacou e saiu tomando linha, percebemos ser um grande exemplar.

Por usar uma tralha adequada, pude brigar mais tranquilo, até fazer o bagrão se cansar e poder colocá-lo no colo. Aí sim tivemos noção do seu tamanho, uma pincachara enorme solta após as fotos que veio para fechar com chave de ouro nossa rápida pescaria. 

O dia dos redondos

Na semana seguinte, eu e o Júlio retornamos ao pesqueiro, dessa vez acompanhados do meu primo Luiz Flávio. Enfim, a frente fria começou a afetar a pescaria e os peixes estavam bem manhosos.
Mais uma vez, começamos a pescar às 13 horas, e tive tempo de arriscar algum redondo na ceva das gaiolas, mas devido ao clima frio, só subiram tilápias, e mesmo assim, bem manhosas.
Demorei muito até conseguir fisgar alguma, mesmo usando uma montagem na superfície bastante discreta. Mas quando fisguei, foi logo um exemplar de bom porte.

Quando já estava desistindo da ceva, vi dois grandes tambacus se alimentando dos restos de ração que se acumularam na margem, e arremessei um pouco à frente deles, deixando o vento arrastar minha isca para junto das sobras, e como era de se esperar, um deles acabou atacando minha isca lentamente. Deixei ele carregar um pouco para então fisgar, tendo como resposta uma corrida pesada rumo aos tanques-rede. Então, travei o carretel com o dedo para segurar o grande exemplar, mas o pequeno anzol não aguentou a pressão e quebrou, deixando o troféu do dia escapar. 
Quando nos demos conta, já era fim de tarde, então resolvemos tentar os redondos do lago de cima (pesca por quilo de tilápias) para salvar o dia de pesca. O Júlio e o meu primo optaram por pescar de fundo com coquinho, que conseguimos na cidade de São Sebastião do Paraíso, em uma praça a caminho do pesqueiro. Como os tambas desse lago são peixes novos, não há problemas em se usar cabos de aço, assim evitando que eles cortem a linha.
Não demorou muito para meu primo tirar o primeiro, que mesmo pequeno rendeu uma boa briga e fez o molinete cantar.

Poucos minutos, o molinete do Júlio também cantou e dessa vez, o peixe parecia ser maior. Foram necessários vários minutos de briga e até uma volta no lago para cansar o exemplar. 


Eu acabei não fisgando nenhum peixe nessa modalidade, mas enquanto organizávamos os equipamentos para a partida, arremessei duas tralhas mais pesadas com pão de queijo de fundo no lago das gaiolas. Quando percebi, as duas estavam com peixe na linha, e tive que sair correndo para conseguir fisgar.
Infelizmente, um dos peixes - que aparentava ser maior - já havia se enroscado nas gaiolas e estourado a linha, mas o outro correu para o meio do lago e propiciou uma briga limpa. era uma enorme caranha, o peixe que encerrou nossa rápida pescaria de redondos.


O Gigante das gaiolas

Após algumas semanas sem visitar o local, eu retornei com meu pai no final de junho, já em pleno Inverno. Também combinei de me encontrar lá com o João Pedro Mendonça, um amigo virtual que sempre pesca no Matrinchã, e que veio a se tornar membro da nossa equipe.
Assim que cheguei, embora estivesse muito frio e não houvesse notícias de capturas de grandes peixes nas últimas semanas, fiquei animado porque o funcionário estava indo tratar dos peixes dos tanques-rede mais cedo - e era exatamente a pescaria de ceva nas sobras das gaiolas que eu queria realizar.
Como já havia perdido grandes peixes pelo uso de equipamentos mais leves no local em pescarias anteriores, resolvi arriscar usar uma tralha mais pesada, mesmo com o risco de afugentar os manhosos tambacus do lago das gaiolas.
Creio que pelas baixas temperaturas, os redondos demoraram muito até começarem a subir. Optei por usar dois equipamentos; enquanto um deles eu mantinha em mãos e arremessava próximo aos peixes que subiam, o outro eu simplesmente deixava à deriva com a ração, destravado - e foi justamente no segundo que obtive a fisgada tão esperada.
Enquanto "caçava" os gigantes, arremessando a isca literalmente na cara deles, a linha do equipamento mais leve que estava destravado, no chão, começou a esticar. Reparei que a pequena boia torpedo havia afundado e fisguei, tendo como resposta uma corrida insana rumo às gaiolas. Num momento de desespero e sabendo que não conseguiria frear a corrida daquele peixe, o que me passou pela cabeça foi destravar o carretel para acalmá-lo. E foi isso o que fiz, obtendo o resultado desejado. O peixe simplesmente começou a nadar para a margem, e assim que eu recolhi uma quantidade considerável de linha, retomei a briga, agora mais tranquilo.
Então, mesmo sozinho, consegui colocar a câmera filmadora no tripé para filmar; o restante da briga vocês acompanham abaixo.



Esse foi o meu recorde pessoal de tambacu até então, mesmo sem pesá-lo ou medí-lo, é perceptível que era maior que todos os que eu havia capturado até então.


Assim que eu soltei o gigante, me encontrei com o João Pedro, e seguimos para o aterro ao lado da Casinha de Rações, pois lá poderíamos pescar nos dois lagos.
Começamos a cevar no lago das gaiolas e algumas pincacharas subiram. Claro que não demorou muito para o João fisgar seu exemplar usando ração na pinga flutuante com anzol atado direto na linha.


Mas essa foi a única que conseguimos fisgar, pois após sua soltura mais nenhum exemplar subiu para comer. Então, ele preparou um equipamento com boia cevadeira, chicote de um metro, boia guia e ração na pinga no "palminho" (isca a um palmo de profundidade). E foi assim que tiramos mais alguns pequenos redondos do lago de cima.

Enquanto pescávamos, um garoto veio falar conosco e pedir algumas dicas. Era o Gabriel, pescador de São Sebastião do Paraíso que acabou se tornando um grande parceiro de pescaria. Apesar de já ter capturado os bagrões do Matrinchã, ele queria capturar seu primeiro tambacu, e por isso solicitou nossa ajuda.
Passamos grande parte da manhã tentando com boias cevadeiras, mas sem mais resultados. Já na hora do almoço, quando decidimos ir embora, um senhor que também encerrava sua pescaria nos ofereceu alguns coquinhos que haviam sobrado, e aí nossa sorte mudou.
Já no primeiro arremesso com essa isca, a vara do garoto envergou, mas o peixe não fisgou. Ele colocou um anzol um pouco maior (Chinú 2/0), arremessou novamente e em menos de cinco minutos a fricção do molinete cantou, anunciando ser na ponta da linha o peixe que ele desejava.
A alegria dele de fisgar e brigar com um tambacu, mesmo que ainda de pequeno porte, era contagiante, e não pude deixar de registrar o peixe que encerrou mais uma pescaria no "Matri", nas mãos do nosso novo parceiro.

Iniciando nas copadas

Após passar o mês de julho inteiro sem pescar, combinei com o pescador Rodrigo Marques, do Blog Reis do Lago (Franca - SP), de realizarmos uma pescaria com boias cevadeiras no início de agosto - época de muito vento e peixes manhosos - no Matrinchã, já que planejávamos uma viagem juntos para o ano seguinte e teríamos que nos aperfeiçoarmos nessa modalidade.
Além de nós dois, meu pai também fez sua pescaria, mas usando apenas iscas de meia-água, e fisgou enormes traíras no lago esportivo. Infelizmente, não foram fotografadas por não haver ninguém perto no momento das capturas.
Eu comecei pescando no lago das gaiolas, usando um chicote com alguns EVA's cor caramelo, e na ponta do anzol a ração do próprio pesqueiro. Alguns redondos até subiram e chegaram a refugar minha isca, mas estavam muito manhosos, e tudo o que consegui fisgar nessa modalidade foi uma enorme tilápia, meu primeiro peixe capturado "copando".


Assim que o Rodrigo chegou, começamos a cevar no lago esportivo. A montagem escolhida foi de anteninhas escuras - que segundo informações estavam sendo as mais produtivas - e chicote de um metro sem boia guia. 
Os peixes estavam muito manhosos, e só subiam quando recolhíamos as boias. Visto isso, resolvemos deixar na espera alguns equipamentos de fundo, usando como isca filé de camarão.
Perdemos muitas ações pela inconsistência dessa isca no anzol, mas o Rodrigo conseguiu acertar a fisgada em um exemplar já de bom porte, abrindo a contagem dos redondos.


Combinamos de pescar até a hora do almoço, pois eu teria que ir embora. Mas como estávamos fissurados em fisgar um grande tambacu na superfície, resolvemos insistir um pouco mais após almoçarmos.
Lembrando dos hábitos dos peixes na parte da manhã, disse ao Rodrigo para deixar a boia na água mesmo quando a ração já tivesse acabado, e foi o que ele fez. Ainda colocou a vara no chão e brincou que é sempre nessas horas que o peixe bate.
Não tivemos tempo nem de rir, e uma explosão na anteninha arrastou tudo para o fundo e esticou a linha. Fisgada firme, corridas pesadas e boia na superfície indicavam ser um grande peixe fisgado, rendendo a bela briga abaixo.

Era um belo tambacu que salvou o dia e nos deu boas emoções, mostrando o potencial do pesqueiro mesmo em dias frios. Foi o último peixe do dia, e também nossa última captura na baixa temporada do Pesqueiro Matrinchã.


Mesmo com condições adversas, o Matrinchã nos reservou belas surpresas e é um local que vem despontando cada dia mais como um dos grandes pesqueiros do Brasil.
Espero que tenham gostado.
Abraços!

Por Pedro Daher

Pesqueiro Rodriacqua - Surpresas entre o frenesi das matrinxãs

Olá, amigos e leitores!
Nossa última pescaria foi realizada em fevereiro desse ano, no Pesqueiro Rodriacqua (Pesqueiro do Cidão de Monte Santo de Minas - MG). Fomos em três: eu - Pedro  -, meu amigo Gustavo Santos e o Hilton, meu pai. Enquanto meu pai ficou próximo à casa de iscas para pescar tilápias, eu e o Gustavo ficamos no píer atrás de peixes maiores.

Logo que chegamos, pudemos notar uma grande movimentação de matrinxãs na superfície, o que nos sugeriu que elas estariam muito ativas. Foi só arremessar um equipamento usando pão de queijo no fundo que confirmamos nossas suspeitas e o primeiro exemplar saiu para as fotos.


Um funcionário do pesqueiro passou ao nosso lado tratando dos peixes com ração, e em menos de dois minutos um frenesi de matrinxãs começou a atacar. Entre elas, alguns redondos subiram para comer, então aproveitei a oportunidade e arremessei um pequeno pedaço de salsicha no meio do cardume e deixei afundar um pouco, até que veio a pancada. Como usava um equipamento leve, o peixe correu muito e fez o molinete cantar, rendendo uma bela briga. Ao pranchear, vimos que se tratava de um belo redondo - nosso troféu do dia. 


O sol estava forte e um óculos escuro fez muita falta - perceptível pelas minhas caretas nas fotos... 


Passado o frenesi, continuamos a pescaria usando pão de queijo no fundo e as fisgadas eram constantes. Eu e o Gustavo fizemos até um dublê com duas matrinxãs de bom porte. 



Quando percebemos, já era hora do almoço e estava ventando muito - condição que, no Rodriacqua, atrapalha até a pesca de fundo. Enquanto isso, meu pai capturou algumas tilápias pescando com varas lisas e massa do pesqueiro como isca; estas não foram fotografadas... 
Já no fim da tarde, as matrinxãs voltaram a comer com vontade e as capturas eram incessantes. Foi uma sequência impressionante até a hora de irmos embora, sempre usando pão de queijo no fundo.



Do outro lado do lago, havia um pescador capturando grandes dourados a todo instante. Assim que decidimos encerrar a pescaria e juntamos os equipamentos, resolvi passar por ele e pedir algumas dicas, mas coincidentemente eu já o conhecia de outras pescarias no local! O Luciano - esse era o nome do pescador - me explicou que estava usando tilapinhas vivas na boia cevadeira com chicote de uns 50 centímetros de profundidade, porque enquanto as matrinxãs atacavam a ração (o típico frenesi da espécie no local), os dourados caçavam um pouco abaixo e atacavam a isca viva.
Enquanto ele me passava essas dicas, arremessou a cevadeira no meio do lago e ela rapidamente afundou. Uma fisgada firme teve como resposta o salto do rei do rio, o dourado! Presenciamos a captura de um belo exemplar e ainda aprendemos mais uma técnica para ser usada no local em outras oportunidades. Muito obrigado, Luciano, encerrou nossa pescaria com ouro puro!

Espero que tenham gostado da nossa pescaria.

Por Pedro Daher