Illustration credit: Vecteezy

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Pesqueiro Primavera - Crônicas de peixes GIGANTES!

Olá, amigos e leitores!
Hoje, contaremos histórias de quatro pescarias que fizemos na pesca esportiva pesada do Pesqueiro Primavera de São Joaquim da Barra - SP, local que frequentamos há vários anos e que a cada ano nos surpreende mais com seus gigantes.


Crônicas noturnas

A primeira aventura dessa saga começa no inverno de 2015. Eu (Pedro), Hilton, Beto e Lucas seguimos rumo ao pesqueiro já no meio do dia, e começamos a pescar após as 15 horas. Como a época não parecia propícia, o pesqueiro estava tranquilo, e isso nos animou - mas não tínhamos ideia do que viria pela frente.
No primeiro arremesso, o molinete do Beto que estava com mortadela de fundo cantou alto e o peixe foi brigando lentamente na superfície. O primeiro peixe do dia foi logo um tambacu gigante, dá para acreditar? 

O fim da tarde foi se aproximando, e com ele mais ações vieram. A isca foi pedaço de tilapinha de fundo no meio do lago, rendendo belas pincacharas ao Lucas e até uma pirarara ao Hilton em pleno inverno. Os equipamentos leves cantavam alto! 



Enfim chegou a minha vez de enfrentar uma pincachara das grandes, essa fisgada na salsicha de fundo. 


Começou a escurecer de vez e o dia que já estava ganho no inverno revelou ainda mais potencial. Começamos a usar tilapinha na boia, e além das pincacharas, foram várias matrinxãs e até cachapiras. 




Eu ainda estava focado em tentar algo grande, e escolhi como isca a cabeça de tilapinha na boia, mas com um chicote maior, de um metro e meio de comprimento. E foi ao ver a torpedo deitar lentamente que fisguei o segundo monstro do dia, outro peixe que brigou com a cauda na superfície e tomou muita linha até pranchear para as fotos e poder ser enfim solto para encerrar esse dia impecável. Vibração e comemoração com uma pescaria de inverno que mostrou que no Primavera não tem tempo ruim! 


Seguimos viagem sabendo que a pescaria de inverno no Primavera é bruta!
Crônicas de inverno

Impressionados com a pescaria anterior, retornamos um ano depois, em julho de 2016. Eu, Hilton e Beto tivemos a companhia do pescador Paulinho e do querido Raimundo (in memorian), meu avô. Foi um dia muito especial, a última pescaria do Raimundo conosco.
Chegamos cedo, comecei a pescar com massa de fundo e mais uma vez um peixe bom abriu o dia no primeiro arremesso. Usando anzol chinu sem farpa atado direto na linha de monofilamento 0,28 mm, a fisgada foi certeira e a contagem se abriu. 


O Beto usou a mesma técnica e não errou a fisgada. Uma briga pesada e sem tomadas de linha revelaram uma grande carpa na ponta da linha.

Meia hora depois, estávamos eu e o Hilton com um dublê, ambos fisgados na massa de fundo. Cada peixe correu para um lado, o dele saiu antes: era outro belo baguá. 

O meu demorou bastante para se cansar, e se mostrou uma legítima panela do Primavera. Não estávamos acreditando no sucesso dessa pescaria, ainda melhor que no ano anterior. 


O Paulinho e o Beto insistiram um pouco mais na isca de filé de tilápia na boia, e engataram matrinxãs e algumas enormes patingas. 


A isca de massa feita com pó de ração de alevino, farinha de trigo e farinha de rosca continuava sendo a isca do dia, e mais um dublê veio para a conta. 

Mas meu peixe continuava brigando sem parar e tomando muita linha, deu até tempo de o Hilton engatar um tambacu de bom porte na tilapinha na boia e tirá-lo para as fotos enquanto meu molinete continuava cantando e já íamos para mais de meia hora de briga. 

Com os braços exaustos, enfim pude abraçar meu gigante de inverno! A quantidade de peixes grandes nos impressionava a cada arremesso. 



Fizemos uma pausa para o almoço e assim que retornamos, tivemos mais peixe na linha! O Raimundo, mesmo cansado, fisgou seu troféu do dia, o último que comemorou em vida: um barbado gigante que atacou a calabresa de fundo!
Em lágrimas de gratidão nos recordamos dessa última pescaria com nosso "véio", que nos ensinou a pescar. Descanse em paz e torça por nós, "Seu Rai". Honraremos seu legado. Agradecemos ao Primavera por nos ter proporcionado esses momentos juntos. 


Na parte da tarde, o amigo Felipe Souza chegou para nos acompanhar. Resolvemos arriscar a ração na pinga de fundo, com um pequeno chumbo. Não preciso nem dizer que foi resultado imediato para nós dois. 


Na ração ou na massa, era ação o tempo todo, com direito a várias panelas. Toda vez que olhávamos para o lado, havia um molinete cantando alto! Fomos ainda surpreendidos por uma explosão violentíssima na salsicha flutuante arremessada pelo Felipe, panela na superfície no inverno! 



No fim da tarde, arriscamos a isca de tilapinha, que parece ser coringa no local. Palpite mais que acertado: muitas ações de fundo, e o recorde pessoal do Paulinho! Os tambacus gigantes estavam imparáveis nesse dia. 



Eu e o Hilton também tivemos nossos troféus fisgados na tilapinha de fundo, dois legítimos monstros! Os molinetes leves sofriam para tirar os grandes exemplares do lago esportivo do Primavera. 



E é óbvio que eu ainda tive a oportunidade de encerrar o dia com outra panela na cabeça de tilapinha. Que pescaria de inverno insana no Pesqueiro Primavera! Mais uma vez seguimos viagem com a sensação de dever cumprido. 

Crônicas da era das cevadeiras

No verão de 2017, eu, Renata, Hilton e Felipe retornamos ao pesqueiro. Segundo o proprietário William Guerrero, a época estava excelente para a pesca de tambacus com boias cevadeiras na superfície. 
Começamos a pescaria com um equipamento de fundo cada um, para os peixes de couro. Não deu nem tempo, foram várias fisgadas em sequência. Cachapira e pincachara fisgadas com calabresa e peixes redondos e dourado fisgados com queijo. 




Depois da correria, enfim pudemos começar nossa busca pelos peixes na superfície. Começamos usando cevadeira pequena com ração do pesqueiro e chicote diretinho de 50 cm de comprimento com anzol chinu e ração na pinga. Os peixes começaram a subir e a pegar, muita ação! Até piaus e carpas apareceram na ceva, só peixe grande. 




Na parte da tarde, os tambacus de maior porte começaram a comer com mais voracidade. A isca de ração na pinga nos rendeu boas fisgadas. 




O Felipe insistia na pesca de fundo utilizando uma isca peculiar do local: o jambolão, fruta que cresce nas árvores ao redor do pesqueiro. E não é que deu resultado? O molinete dele fez esforço para retirar duas enormes panelas em sequência! 


Como sempre, eu insisti, porque sabia que sairia um peixe maior no fim do dia! Coloquei um chicote de dois metros com boia guia, e assim que a guia afundou, a fisgada foi certa e o peixe travou. Sabia que se tratava de outro monstro do Primavera, e uma briga tensa e pesada trouxe para dentro do puçá um tambacu gigante!
Na sequência, a Renata encerrou o dia com uma grande pincachara também fisgada na ceva com ração. Primavera é peixe grande em todos os meses do ano! 




Crônicas dos MAIORES do lago

O tempo passou e as memórias dos gigantes do Primavera continuaram em nossa mente.
Eu comecei a desenvolver uma pesquisa científica sobre o pesque e solte de pirarucus, minha espécie favorita, e com isso acabei me envolvendo mais com pesqueiros que tinham essa espécie. Mas fui surpreendido quando o William me enviou uma mensagem dizendo que havia soltado vários exemplares de grandes pirarucus há alguns dias, e ninguém ainda os tinha capturado.
Mais do que depressa, eu, Hilton e Felipe nos programamos para visitar o local no início de janeiro de 2019. Estávamos em viagem pela região, chegamos logo cedo e fomos bem recebidos para começarmos o dia de pesca.
O dia começou agitado quando as duas primeiras linhas na água tiveram ação de bons peixes: o Felipe fisgou uma bela pirarara na guelra de fundo e o Hilton um tamba de bom porte na minhoca de fundo. Abrimos a contagem com um dublê de respeito!

Enfim coloquei minha primeira tralha na água, utilizando guelra sem chumbo no meio do lago, no lado oposto ao aerador, para buscar os pirarucus, que normalmente ficam em águas mais paradas. Enquanto isso, o Hilton já estava com outro peixe engatado na minhoca. Filmando a briga dele, ouvi o alarme da minha carretilha disparar, fui correndo fisgar, enquanto a pincachara saía para as fotos. 

Utilizando anzol circular, eu soube que o peixe já estaria bem fisgado. Fui brigando com calma até que o peixe enfim subiu para respirar e se revelou num belo salto como sendo minha meta do dia: o primeiro pirarucu do Primavera desde a última soltura! Peixe no puçá, adrenalina a mil e meta concluída! Um grande e lindo exemplar. Vale ressaltar que em breve publicaremos uma cartilha com as melhores práticas para se garantir a sobrevivência dos sensíveis pirarucus na pesca esportiva. 


Peixe solto, linha na água! No arremesso seguinte, a minhoca, isca do dia, me premiou com uma linda baby pirarara. Meus parceiros, utilizando a mesma isca, embaixo dos aeradores, também fisgaram bons exemplares de tambacus e muitas, mas muitas, cachapiras briguentas. Até o nosso grande amigo Vytinho, funcionário do pesqueiro, entrou para a brincadeira. 




Com os braços doloridos, eu e o Felipe demos uma rápida parada na pesca pesada e fomos ao lago de tilápias para pegar algumas utilizando as Anteninhas Falcucci. O resultado foi imediato com enormes exemplares, rapidamente retornamos ao lago pesado. 


Assim que voltamos, o Felipe iscou queijo em seu equipamento de fundo, e poucos segundos após arremessar, a vara deitou com força. Eu fisguei e passei para ele finalizar a briga com o que seria a primeira panela do dia. 


O Felipe estava fascinado com a quantidade de pirararas e cachapiras embaixo dos aeradores, e ele e o Hilton fizeram uma festa com vários exemplares muito fortes dando voltas pelo lago e levando os equipamentos leves ao limite. 



Após o almoço, as ações continuaram constantes. Já satisfeito com o pirarucu, eu insisti na minhoca na torpedinho com boia guia e isca a um metro e meio de profundidade para tentar um exemplar maior. Junto comigo nessa busca estava o amigo Ricardo Andriaci da nossa equipe parceira Tamba Max.
Enquanto tentávamos os tambas e o Felipe brigava com outra pirarara, isquei num molinete leve a cabeça de uma pequena tilapinha e deixei na margem, a um palmo da superfície. Menos de dois minutos depois, o molinete cantou alto e a vara bebeu água. Tive que dar uma volta no lago para recuperar linha, acreditando ser uma pirarara das grandes e já vibrava pelo dublê.
Minha surpresa foi enorme quando, no meio do lago, um pirarucu enorme saltou! Era ainda maior que o anterior, inacreditável! Eu não me aguentei de alegria quando o peixe entrou no puçá, o pirarucu que talvez seja, não em peso, mas em comprimento, o MAIOR PEIXE do lago, com direito a dublê!  


Todos nós comemorávamos incrédulos e com sorrisos largos aquele dia de pesca que parecia ser impossível de melhorar. Parecia... 


Peixe solto, seguimos a pescaria. Ao ver minha boia guia triscar, meti uma fisgada firme e tive como resposta uma corrida lenta. Pensei ser um peixe pequeno, não dei muita atenção. O Felipe ainda brigou com o peixe, que insistia em não mostrar a cara. A coisa ficou séria quando o peixe passou a brigar apenas na superfície, com a sua enorme cauda, enquanto nadava lentamente até pranchear. Quando entrou no puçá, eu não acreditei no tamanho. Era um tambacu simplesmente gigante! O tambacu mais comprido e mais largo que eu já havia pego no pesqueiro, conquistado com a ajuda dos amigos Felipe e Ricardo.
O Ricardo ainda me disse "quem passa o puçá, pega um baguá". Que fique dito... 



Dito e feito! Alguns arremessos depois da soltura desse gigante, foi a vez de o Ricardo engatar outro monstro utilizando fígado de frango na boia. Briga pesada e demorada foi deixando o pescador exausto, mas eu fiz as honras no puçá e pudemos comemorar mais uma panela no fim do dia! 


Para encerrar o dia e comprovar a piscosidade, o Hilton ainda trouxe para as fotos um lindo e forte barbado! 

Assim acabou nossa pescaria, com muita alegria e satisfação. Mas esses sentimentos se tornaram ainda maiores quando, após uma semana, recebo uma mensagem do amigo Ricardo me contando que não só tinha pegado seu primeiro pirarucu, como era o mesmo gigante que eu havia pego!
Caçadores de Fisgadas e Equipe Tamba Max fazendo a monstra no Pesqueiro Primavera

Assim é o Primavera: nunca decepciona, abriga gigantes, realiza sonhos e fortalece amizades. A morada dos gigantes em São Joaquim da Barra - SP! 

Por Pedro Daher