Illustration credit: Vecteezy

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Piracicaba - Crônicas de um rio que ainda vive

Por vezes, o homem surpreende negativamente a natureza. Por vezes, a Natureza surpreende positivamente o homem.
Prova que ambos podem acontecer é o Rio Piracicaba. Agraciado por poesias e melodias, famoso pelas águas e vidas que carrega, pela história que construiu no interior do estado de São Paulo. Cartão Postal do centro da cidade de mesmo nome, prova de que - por vezes -, homem e natureza podem conviver em harmonia.
Infelizmente, apenas por vezes. Recentes mortandades de peixes assolaram o rio. Suspeitas de poluição industrial e urbana agravada pela seca - uso indiscriminado de água - chegaram a praticamente zerar a ictiofauna do trecho do rio que passa por Piracicaba - SP. A cidade que recebe o nome em homenagem ao famoso salto em que os cardumes se reproduzem, o "lugar onde o peixe para", às vezes é ingrata com seu rio.
Felizmente, a Natureza persiste. Mesmo com tanto sofrimento, resiste. Insiste. E faz de si mesma a heroína da própria história. Quem pesca no Piracicaba sabe. Ano após ano, depredação após depredação, desastre após desastre, o salto se mantém firme e garante o repovoamento do rio. Peixes fartos para todos. Mandis e dourados dominam o rio. E fomos atrás deles.
Eu (Pedro) e meu tio Paulo seguimos rumo à cidade, numa viagem de fim de semana. Minha prima e sua família reside na cidade, na verdade nas proximidades do Rio Piracicaba. Um dia da viagem foi reservado para a pesca esportiva.

Primeiro, no centro da cidade. Pinchos com iscas artificiais de meia-água em busca dos dourados, os reis do rio. Além de nós dois, pescadores, os netos do Paulo.



Os dourados estavam manhosos. Apesar de se mostrarem nos saltos, nenhum atacou a isca. Insistência e técnica não faltaram, mas por vezes a sorte faz falta. Bola para frente, há muito o que se pescar.

Voltamos para nosso alojamento, onde o rio fica literalmente no "quintal de casa". Hora de tentar os grandes bagres! Isca de minhoca, equipamentos médios, chumbos pesados. E muita paciência. 

Seguimos eu e meu primo Murilo, além do Yago, filho dele. O ponto escolhido foi abaixo de uma queda d'água, bem no meio da cidade, onde um remanso parecia ser propício para os peixes de couro do Rio Piracicaba, principalmente os grandes mandis. 

Natureza imponente em plena civilização, o Piracicaba é um rio único e surpreendente. Quem o margeia ao menos uma vez sabe a magia do lugar. 

Linhas na água, ansiedade por puxadas. Teríamos que seguir a viagem de volta ainda naquela tarde, o tempo de pescaria seria curto. Mas ainda precisávamos da confirmação de vida embaixo d'água no rio que a tudo sobrevive.
Tentamos por meia hora sem ações significativas, com arremessos no meio do rio, até que optei por lançar nossas linhas mais próximas à margem. Resultado acertado, logo eu estava com o meu recorde pessoal de mandi na ponta da linha. Peixe fisgado e solto, vai viver.


Estávamos em cima da hora, mas já que acertei o palpite, por que não dar um último arremesso?
Mais uma vez, um bagrão na ponta da linha, o maior peixe do Yago, para encerrar nossa rápida passagem pelo rio que ainda vive.


Hora de dizer adeus, que mais soou com um "até logo". O Rio Piracicaba vem sobrevivendo ao homem, e provando que a Natureza sempre surpreende. 

Por Pedro Daher

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