Illustration credit: Vecteezy

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Pesqueiro Rodriacqua - Muitas fisgadas em uma divertida pescaria

Olá, amigos e leitores!
No dia 8 de dezembro, eu (Pedro), meu pai e meu tio Paulo Roberto resolvemos visitar dois pesqueiros entre São Sebastião do Paraíso e Monte Santo de Minas - MG: Rodriacqua e Matrinchã.
Aqui relatarei nossa pescaria no Pesqueiro Rodriacqua, o link da pescaria no Matrinchã se encontra no final do relato.
Chegamos ao local bem cedo, fomos os únicos a pescar naquele dia. Eu e meu pai ficamos na esportiva - pescando nos píeres - e meu tio na pesca por quilo atrás das tilápias.
Meu foco inicial era fisgar algum dourado no pincho ou na isca viva, mas não obtive resultado. Então, parti para a pescaria com boia cevadeira, usando chicote de 1,5 m, boia guia e ração na pinga como isca, e grandes tilápias foram fisgadas.

Outra modalidade que fez sucesso foi a da pesca de fundo com pão de queijo; várias matrinxãs foram fisgadas, além de um gigante que levou toda a linha do carretel e acabou escapando. 



As ações intercalavam entre matrinxãs no fundo e tilápias e dourados na superfície. Esses últimos acabaram não mostrando a cara, já que escapavam nos saltos ou cortavam a linha. 

Após o almoço, começou a ventar e ficou impossível de se pescar na superfície, mas em compensação as matrinxãs estavam muito ativas no fundo e logo tinha mais peixe na linha. 


Uma pancada diferente no pão de queijo de fundo revelava outra espécie na ponta da linha; dessa vez, um curioso tambacu havia atacado a isca. Mais peixe para nossas lentes!



Percebi que meu pai havia deixado um equipamento leve em espera na margem, mas não obteve ações. Então, isquei naquela tralha metade de uma salsicha e arremessei alguns metros a frente do píer. 
Não demorou muito para que a fricção cantasse e o peixe começasse a correr rumo ao meio do lago, já mostrando ser um exemplar maior. Meu pai assumiu a briga e conseguiu recuperar um pouco de linha. 

Após alguns minutos, ele me passou o equipamento e foi buscar o puçá. Fui brigando tranquilamente para que o peixe não escapasse, até que o tambacu já de bom porte prancheou e pudemos comemorar pelo troféu do dia. 


Após soltarmos o tambacu, começou a ventar muito e até no fundo as ações cessaram. Por isso, decidimos seguir viagem rumo ao Pesqueiro Matrinchã - cuja pescaria pode ser conferida AQUI
Espero que tenham gostado.

Por Pedro Daher

sábado, 15 de setembro de 2012

Pesqueiro Primavera - Diversidade de boas fisgadas no interior de São Paulo

Olá, amigos e leitores! Nossa última pescaria foi realizada no Pesqueiro Primavera de São Joaquim da Barra - SP, em que aproveitamos o feriado de 7 de setembro para retornar ao local e pescar por dois dias. Apesar do tempo ensolarado, pegamos uma semana de águas mais frias, o que atrapalhou um pouco a pesca, mas mesmo assim eu (Pedro), meu pai Hilton e meu avô Raimundo fizemos uma boa pesca.

As primeiras fisgadas

Chegamos à cidade, tomamos café-da-manhã num posto e fomos direto para o pesqueiro. Começamos a preparar os equipamentos e logo no primeiro arremesso meu pai já estava com peixe fisgado, uma linda pincachara que abriu nossa contagem. 


Após um tempo sem ações, tive minha primeira fisgada com salsicha encostada na margem, mas ao invés de algum peixe de couro, era um grande piauçu, que acabou escapando. Então, arremessei outro pedaço de salsicha no mesmo local, mas dessa vez com um pequeno flutuador de EVA, e não demorou muito para que uma matrinxã explodisse e saísse para as fotos.


Foi só na parte da tarde que os redondos começaram a sair, usando-se como isca salsicha, minhoca e calabresa. Os primeiros exemplares foram patingas fisgadas por pescadores ao nosso lado.


No fim da tarde, meu amigo Felipe Marques e seu pai, moradores de São Joaquim da Barra, apareceram para nos acompanhar e foi aí que nossa sorte mudou. Meu avô logo estava com uma grande patinga na linha, peixe fisgado com minhoca que rendeu uma bela briga. 


Surpresas na pescaria leve

Conforme o sol ia abaixando, os redondos ficavam cada vez mais ativos, e usando equipamentos leves e sensíveis, as ações eram constantes. Um fato bastante comum no Primavera é de se fisgar exemplares pelo corpo, já que a quantidade de peixes é muito grande para o tamanho do lago esportivo, e com isso engatamos vários exemplares que escaparam ou estouraram a linha. 
Assim que acertei um e vi que estava bem fisgado, pedi algumas dicas para o Felipe, assíduo frequentador do pesqueiro, e conseguimos colocar o exemplar no passaguá - um legítimo tambacu, já de bom tamanho, fisgado pela cauda! 


A pescaria continuou produtiva, mas com muitos peixes perdidos, e quando notamos já havia escurecido. Então, pedimos autorização ao proprietário William para pescarmos um pouco na parte da noite em busca das pirararas, que até aí não haviam aparecido. Mas, acredito que devido à temperatura da água, elas estavam muito manhosas, soltando as iscas quando sentiam resistência. Só conseguimos fisgar um exemplar, que estourou a linha no aerador esquerdo. 
A surpresa da noite veio em outro equipamento, o mais leve que havíamos levado, usando massa de pão de queijo como isca. O peixe estava cutucando e arrastando a isca devagar, até que fisguei e tive como resposta uma corrida rápida rumo à margem oposta, e já dava para saber que era peixe grande. 
Fui brigando tranquilamente para que o troféu não escapasse, até que uma mancha prateada boiou no meio do lago. De início achamos ser uma carpa, mas quando o exemplar finalmente prancheou na margem notamos que era um piauçu gigantesco, o maior que eu já tinha visto pessoalmente. Até meu pai quis tirar foto com o gigante. 



A soltura do enorme exemplar finalizou nosso primeiro dia de pescaria, deixando-nos ansiosos para o dia seguinte, em que pescaríamos somente na parte da manhã, mas prometia boas fisgadas.

Antes de irmos, perguntei ao William acerca das grandes carpas cabeçudas que habitam o lago, e ele disse que um amigo dele, o Júnior, estaria pescando-as no dia seguinte, o que me deixou mais animado ainda, pois era uma pescaria que eu nunca havia realizado.
Então, seguimos para um hotel da cidade, onde passamos a noite e preparamos os equipamentos para o segundo dia de pesca.

O dia das cabeçudas

No outro dia, acabamos chegando um pouco mais tarde no pesqueiro, e como íamos pescar somente até o meio-dia, não poderíamos perder tempo. 
O William nos apresentou ao Júnior e logo nos tornamos amigos. Acabei aprendendo com ele muito acerca da pesca de carpas-cabeçudas. 
O pescador estava usando três equipamentos com boias paulistas, chuveirinhos a 10 cm de profundidade - pois o lago é raso e com muitas outras espécies que podem atrapalhar a pescaria - e massa de banana com mel. Não demorou muito para que a primeira boia afundasse e a primeira carpa-cabeçuda rendesse uma bela briga antes de sair para as fotos! 

O William resolveu pescar conosco e cevou a lateral do lago com alguns pedaços de salsicha flutuante, lançando a isca em cima. Algumas pincacharas apareceram para comer, então foi só arremessar em cima e um grande exemplar atacou. Até eu quis sair nas fotos com ele. 


Resolvi pescar na margem oposta, e logo no primeiro arremesso com ração do próprio pesqueiro eu já estava com outra pincachara fisgada.


Tivemos uma paradeira de ações e decidimos ir embora. Aí veio o problema: enquanto guardávamos os equipamentos, uma vara minha que estava iscada com salsicha flutuante encostada na margem foi arrancada do suporte por algum peixe de bom porte, o que me deixou bastante chateado. Insistimos bastante para tentar recuperá-la, mas sem sucesso.
Para compensar, tive a "sorte" de, ao passar ao lado das varas do Júnior quando já estava de saída, ver uma boia afundar. Ele falou para eu brigar com o exemplar, sem fisgar pois poderia rasgar a frágil boca da carpa. Apesar de já ter capturado um exemplar na pesca com mosca, era a primeira vez que brigava com a espécie em sua pescaria tradicional, o que me deixou bem nervoso. Com calma, fui trazendo o peixe até a margem até ele finalmente entrar no puçá e poder ser fotografado. Mais um lindo exemplar do Primavera para encerrar nossa pescaria!


Acabamos por não recuperar meu equipamento - o William o encontrou semanas depois totalmente detonado -, mas mesmo assim foi uma ótima viagem com grandes fisgadas e novas amizades. Deixo aqui agradecimentos especiais ao Júnior pelas paciência e ajuda na pesca das carpas-cabeçudas. 
Espero que tenham gostado. 

Por Pedro Daher

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Engenho da Serra Hotel & EcoResort - Fartura na pescaria de Inverno!

Olá, amigos e leitores! Dessa vez, visitamos o Engenho da Serra Hotel e EcoResort, em Capitólio - MG, local que mesmo com as baixas temperaturas do inverno da região nunca nos decepcionou e sempre rendeu boas fisgadas. Foi uma pescaria em famílias, em que além de mim (Pedro Daher), meu pai Hilton e meu avô Raimundo, tivemos a companhia do amigo Gustavo Santos e seu pai Julio, que visitavam o local pela primeira vez.
Chegamos um pouco tarde, mas tivemos a sorte de sermos os únicos a pescar no local naquele dia.
Meu pai, assim que chegou, dirigiu-se a um dos lagos de baixo para pescar traíras com isca artificial e, usando um plug de meia-água de 7 cm marrom e preto, fisgou alguns belos exemplares.


Eu comecei com minha pescaria preferida no lago maior, que consiste em cevar a região em torno da academia - que fica às margens do lago - com migalhas de pão e arremessar em cima usando uma pequena boia, chicote curto e um pedaço de salsicha ou pão de queijo flutuantes. Era arremessar e ficar com a vara na mão, que logo uma matrinxã explodia.


Fisguei alguns exemplares de bom porte que nos animaram, mas devido ao frio elas estavam manhosas e logo sumiram da ceva.

E foi aí que começamos a pescar de fundo, com as tradicionais salsicha, ração na pinga e mortadela. E a primeira fisgada foi de um lindo piauçu, o primeiro do dia.


O Gustavo resolveu experimentar usar o pão de queijo no fundo, o que acabou sendo uma ótima decisão, pois as matrinxãs estavam muito ativas naquela isca e mais peixe apareceu para as fotos.

Os peixes estavam bem manhosos, e por isso errávamos muitas fisgadas e perdíamos alguns exemplares nos saltos. Somente depois do almoço é que conseguimos mais capturas. Foi a vez do Julio acertar uma grande prateada usando massa no equipamento ultraleve.


E conforme íamos variando as iscas, alguns peixes iam aparecendo, comprovando o potencial do local mesmo em pleno inverno.

Meu avô, que estava pescando com varas telescópicas, também garantiu seu troféu usando ração na pinga, um enorme piauçu que fez a linha cantar e rendeu uma excelente briga.

Voltamos a cevar com pão e foi a vez de o Gustavo retirar mais uma linda matrinxã na pesca de superfície. Sem dúvidas essa espécie domina os lagos do Engenho da Serra. 

E não poderíamos encerrar o dia com outra espécie. Já no fim da tarde, o Gustavo fisgou mais uma grande matrinxã com salsicha de fundo e dividiu a briga com o Julio, melhor maneira de finalizar nossa pescaria de pais e filhos! 


Mesmo no inverno, o Engenho da Serra é um lugar que oferece fartura e belas brigas aos pescadores que o frequentam. E é isso que comprovamos, espero que tenham gostado! 

Por Pedro Daher

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Pescaria no Rio Araguaia - Ansiedade, Paixão e Surpresa

Olá, amigos e leitores! 
Nossa equipe conheceu o Rio Araguaia em 2010, e desde então aquele lugar fantástico não saiu de nossas mentes. Por isso, retornamos à cidade de São Miguel do Araguaia - GO, em busca dos gigantes de couro que habitam aquelas águas. Confiram abaixo nossa saga em busca dos troféus do Araguaia. 

Ansiedade, frustração e paixão

Eu (Pedro) e meu pai (Hilton) conhecemos o Rio Araguaia por meio de vídeos no YouTube em que pescadores fisgavam pirararas enormes e as lendárias piraíbas. Ficamos tão empolgados que no mesmo dia meu pai já estava procurando informações sobre o local e agendando uma pescaria para julho de 2010, durante minhas férias escolares. Além de nós dois, teríamos a companhia do meu avô Raimundo. 
Foram meses de ansiedade e noites sem sono até que finalmente estávamos seguindo viagem rumo ao distrito de Luiz Alves, pertencente à cidade de São Miguel do Araguaia, no extremo noroeste de Goiás.

Por falta de informação ou mesmo desinteresse em pesquisar, acabamos marcando nossa pescaria para uma data em que as praias do Araguaia lotam de turistas que ali acampam, e talvez isso tenha sido o fator que mais influenciou no resultado pouco satisfatório.

Outros fatores que atrapalharam sem dúvidas foram a ansiedade e a expectativa depositadas no sonho de nossa primeira grande pescaria, afinal quanto mais expectativas, mais decepções.
Esperávamos fisgar os gigantes de couro com facilidade, mas o que realmente aconteceu foi que passamos os cinco dias fisgando apenas mandubés e barbados, peixes que, apesar de muito esportivos, não eram nossos objetivos almejados.
Nosso guia de pesca, embora tenha sido muito prestativo, deixou muito a desejar no conhecimento do rio, mais um motivo para aumentar nossa frustração.

Mas mesmo frustrados, é impossível voltar do Araguaia sem boas recordações, pois natureza local surpreende e impressiona nos detalhes. Isso sem falar no pôr do sol, que costumo chamar de o "mais bonito do Brasil". A paixão por aquele rio fantástico foi inevitável.


No último dia de pescaria, quando já havíamos desistido, meu pai realizou a façanha de fisgar uma suposta pirarara no equipamento leve, que levou toda a linha do molinete e detonou o equipamento, deixando-nos perplexos.
E quando voltávamos para Luiz Alves, tivemos a oportunidade de ver de perto uma enorme pirarara fisgada por um pescador local. Foi a prova de que precisávamos para saber que o peixe estava ali e o incentivo para voltarmos um dia.


Mais uma vez, Araguaia 

Dois anos se passaram e a saudade bateu. Então, mais uma vez, decidimos buscar os troféus do Araguaia, em maio de 2012. Além dos integrantes da primeira viagem, foi conosco o amigo Wildson, que desejava conhecer a região, apesar de não pescar. 

Saímos de Passos - MG rumo a Luiz Alves, onde pescaríamos por cinco dias, encarando pela frente os quase 1200 km de estrada através do cerrado goiano. Já que iríamos em quatro pessoas, optamos por levar nosso próprio barco para usá-lo nos dias em que todos quisessem pescar.


Como o trajeto é longo e cansativo, optamos por pernoitar na Cidade de Goiás - GO, antiga capital do estado e patrimônio cultural preservado, exibindo em suas ruas e avenidas a arquitetura remanescente do século passado.

A cidade também é conhecida por ser a terra da importante escritora Cora Coralina. Na margem direita do Rio Vermelho - um afluente da margem direita do Araguaia - está a casa onde morou a escritora.
Esse rio é repleto de tabaranas, curimbas, matrinxãs e outros bryconídeos que se exibem e chamam a atenção dos turistas. Logicamente, a pesca não é permitida nas imediações da cidade.


No dia seguinte, seguimos viagem e no começo da tarde chegamos ao nosso destino. Ficamos hospedados no Hotel Beira Rio, um ambiente familiar com excelente estrutura, administrado pelo amigo Vieira.

Ainda naquela tarde, conhecemos nosso guia de pesca, o Tatinha, um dos experientes membros da Equipe Só Piraíbas. Como ele não estava trabalhando, nos convidou para dar uma volta de barco e tentar algum peixe. Assim que começamos a navegar, notamos o rio baixo para a época, o que viria a tornar a semana muito produtiva tanto para os peixes de couro de grande porte quanto para as espécies menores que habitam as turvas águas do Araguaia.
Fisgamos vários mandis e barbados, e ainda tivemos uma ação de pirarara - que mesmo tendo escapado foi o suficiente para nos deixar eufóricos. O dia terminou com o sempre exuberante pôr do sol do Araguaia, como se este nos preparasse para a semana de pescaria.


De cara, um troféu
No dia seguinte, o primeiro de pescaria propriamente dita, assim que o sol despontou no horizonte já estávamos com as linhas na água atrás dos gigantes, usando equipamentos pesados (classe 80lb) com carretilhas de perfil alto e no mínimo 200 metros de monofilamento 0,70 mm, anzóis 12/0 com cabo de aço 150lb e como iscas pequenos peixes inteiros ou em pedaços. Enquanto esperávamos, nos divertíamos com os coadjuvantes do Araguaia - piranhas e candirus - usando equipamentos ultraleves, uma pescaria muito divertida.


No segundo ponto, logo após soltarmos as linhas, a vara do meu pai envergou e uma pancada seca confirmava peixe bom! Mesmo com a fricção bem apertada, o exemplar tomou linha e acabou se enroscando nas galhadas, fato que fez com que acreditássemos ter perdido a primeira chance.
Mas são nesses momentos que a experiência do guia mostra sua importância; logo o Tatinha começou a manobrar o barco para tirar o peixe do enrosco.

Após alguns minutos de trabalho, a linha se soltou dos galhos e o peixe ainda estava fisgado. O fim da briga foi limpo e tranquilo, até que a linda pirarara prancheou e pôde ser fotografada, o primeiro troféu da pescaria em menos de uma hora de pesca!



Após as fotos, o exemplar foi solto como pede a legislação de Goiás, que protege pirararas, piraíbas e piraracus da captura predatória desde 2003 - fato que foi fundamental para a manutenção da piscosidade do Araguaia.


Passamos o resto da manhã pescando peixes menores como mandubés e fidalgos, enquanto aguardávamos as piraíbas. Foram essas capturas que nos tiraram da monotonia da espera pelos troféus.


A diversidade do Araguaia

Após o almoço, fomos atrás de peixes que pudessem ser utilizados como isca na pescaria pesada. Escolhemos um ponto onde havia um cardume de pequenas cachorras-largas, que fizeram um massacre em nossas iscas. 
Além delas, fisgamos algumas lindas bicudas, que foram soltas após as fotos. Acabamos passando a tarde inteira nos divertindo com aquelas espécies. 



Era incrível, bastava lançar os pequenos lambaris e segurar a vara na mão, que em menos de dez segundos as cachorras atacavam. Devido ao tamanho dos exemplares e de suas bocas ósseas, errávamos muitas fisgadas, o que nos fez optar por anzóis menores (wide gap 2/0) que garantiram uma melhor produtividade.


À noite, após jantarmos, peguei meu equipamento mais leve e fui até o porto (em frente ao hotel) tentar algum peixe diferente usando como isca pedaços de branquinhas e lambaris que sobraram. Ali mesmo, da rua da cidade, fisguei algumas exóticos bagres como o jurupensém ou bico-de-pato e a jurupoca.


Após estourar algumas linhas com peixes que não sabia de quais espécies eram, acertei um exemplar um pouco menor que tomou muita linha no equipamento ultraleve mas acabou boiando e saindo para as fotos: uma linda arraia-de-fogo!
É importante frisar a ameaça desse peixe aos pescadores e banhistas, pois seu ferrão caudal contém toxinas que causam dores intensas e até paradas cardíacas. Para evitar acidentes, vale cortar a linha quando uma delas é fisgada e andar em rios que as possuem arrastando os pés sobre o fundo de areia para espantá-las.
Como eu usava um anzol pequeno que se deteriora rapidamente, apenas cortei a linha após as fotos e a deixei ir embora.


Pescaria no cardume

No segundo dia de pesca, fomos em dois barcos até uma região conhecida como Terra do Sol, cerca de uma hora rio abaixo a partir de Luiz Alves, onde havia um cardume de piaus-cabeça-gorda. Nesse dia, o Wildson foi conosco.
Logo que chegamos, o barco de apoio com meu pai e o parceiro foi em busca dos piaus ao lado de uma praia, e eu, meu avô e o Tatinha ficamos em uma parte mais profunda para buscar espécies diferentes.
Usando filé de curimba como isca, rapidamente estávamos com matrinxãs fisgadas, peixes muito esportivos que rendem uma bela briga e um show de saltos.

Entre as matrinxãs, uma batida mais forte com algumas corridas indicava um peixe maior, a primeira cachara da pescaria!

Enquanto isso, o outro barco fisgou alguns piaus que foram guardados para nosso almoço na beira do rio.

A parte da tarde foi dedicada às piraíbas, que não apareceram.
Um fato que aprendi ao longo dessa pescaria e de outras no Araguaia é que a ansiedade e a criação de expectativas não só aumentam as frustrações como também atrapalham o próprio resultado da pescaria, fato que já havíamos constatado em nossa pescaria de 2010. Mesmo acertando uma das melhores semanas do ano para piraíba, não a fisgamos - talvez devido à nossa pouca persistência, talvez devido à própria ansiedade...


Rio de gigantes

A pescaria dos grandes bagres estava difícil para nós, mas mesmo assim o Araguaia não decepcionava, já que até as espécies menores que fisgamos eram de tamanhos acima da média.
Resolvemos nos dedicar à pescaria de apapás ou douradas na altura do desemboque do Rio Crixás no Araguaia, e fisgamos vários exemplares de bom tamanho! Enquanto isso, sempre deixávamos uma vara pesada na água, em busca de algum filhote perdido...


Mas o filhote perdido resolveu atacar a linha de um barco ao nosso lado! Uma turma de paulistas que estava com o guia Coroa - irmão do Tatinha - acertou a fisgada na boca de uma linda piraíba e nesse momento todos recolhemos as linhas para não atrapalhar na briga com o peixe.
O exemplar acabou se enroscando em uma galhada no fundo do rio, mas com um trabalho de equipe o peixe foi desenroscado e logo prancheou para aparecer nas fotos! Um gigante do Araguaia, que fez a alegria de todos que estavam no local.

Claro que eu também quis sair na foto com aquele peixe fantástico, que habita o sonho de tantos pescadores! Uma experiência única, mesmo que a piraíba não tenha sido capturada por nós.

Acabou escurecendo sem que tivéssemos mais ações. Então, resolvemos adentrar a noite pescando em beiras de praia em busca de peixes maiores. Logo no primeiro arremesso, tive uma pancada bem pesada, que revelou ser de uma enorme cachorra-larga que saltou e tomou muita linha. Um enorme exemplar, acima dos padrões do Araguaia para a espécie.

E é claro que as cacharas também marcaram presença! Apesar de pequenas, são muito esportivas e fizeram nossa alegria naquela noite, encerrando bem mais um dia de pesca.



No meandro abandonado

No dia seguinte, o Tatinha pescaria com outra turma e por isso tivemos que arranjar outro guia, o Ronaldo. Logo cedo, ele estava nos esperando e, após conversarmos um pouco, decidimos explorar um lago de "boca franca" - com acesso direto ao rio -, um dos muitos formados pelos antigos meandros do Araguaia.
Escolhemos como destino o Lago da Montaria, e logo na entrada já pudemos a biodiversidade presente.

Optamos por mesclar iscas naturais e artificiais. Enquanto eu pinchava na proa com plugs de meia-água, meu pai e o guia iam arremessando peixinhos vivos ou em pedaços logo atrás, e os resultados foram aparecendo com tucunarés e traíras.


Vez ou outra, víamos alguns aruanãs na superfície, e era só arremessar a isca natural na frente dos exemplares que eles atacavam.

Num arremesso com pedaço de peixe numa área mais rasa, até um pequeno jacaré ousou atacar a isca e acabou saindo para as fotos, logicamente sendo solto em seguida.

É claro que as famigeradas piranhas também marcaram presença, e em tamanhos bem avantajados. Usando equipamentos ultraleves, era muito divertido fisgá-las, pois rendiam excelentes brigas.

Finalmente, após muita insistência, consegui fisgar meu aruanã usando isca artificial, o primeiro exemplar da espécie que fisguei, e que encerrou muito bem nossa pescaria no lago.


A surpresa de um gigante

Na parte da tarde, somente eu e meu avô fomos pescar. Meu objetivo era fisgar alguma pirarara para salvar a semana, já que as piraíbas não quiseram atacar nossas iscas.
Já no fim do dia, quando fui recolher o equipamento pesado, senti uma pancada na linha e fisguei, mas sem nenhuma resposta. Continuei recolhendo, até que vi outra linha enroscada no meu anzol. De cara, disse que ali havia um peixe fisgado, mas como a linha estava enroscada, meus parceiros desacreditaram. Então, emendei a linha que havia capturado na da minha carretilha e continuamos recolhendo os outros equipamentos.
Quando já havia esquecido, eis que o peixe fisgado sai do enrosco, enverga minha vara e acaba estourando. No momento, ficamos perplexos e ainda tentamos pegá-la novamente, mas sem resultado.
Então, os guias Nica (irmão do Tatinha) e Adair (um dos mais experientes da região) vieram até onde estávamos e nos relataram ter acabado de tirar uma piraíba no local e que, ao soltar o barco, a poita havia afundado. Então, começamos a tentar recuperá-la, e aí veio o fato mais surpreendente da pescaria e talvez um dos mais surpreendentes que eu já tinha visto: o Adair não só conseguiu recuperar a corda do barco como enroscada nela estava a linha que eu havia fisgado alguns minutos atrás, com o nó da emenda que fiz laçado à corda. Então, o Adair puxou o peixe - que já estava muito cansado - na mão, num legítimo cabo de guerra, e após muita força a gigantesca pirarara boiou.
Além de ser o maior exemplar da espécie que eu já vi pessoalmente, o tamanho do peixe surpreendeu até os experientes guias, que disseram ser muito raro uma pirarara do porte da que capturamos.
Vale ressaltar que o mérito dessa captura vai todo para o guia Adair, que além de tudo ainda me permitiu soltar a gigante e tomar um belo banho. Momento fantástico!


Como ainda não havia escurecido, resolvemos soltar as linhas pesadas mais uma vez, e acabamos sendo recompensados. A vara envergou lentamente, e meti uma fisgada seca, tendo como resposta corridas curtas e muito peso, até que uma arraia gigantesca prancheou e pôde ser fotografada, mais um troféu para nossas lentes.


No mesmo ponto, meu avô ainda teve a chance de capturar mais um belo peixe! Uma linda cachara apareceu para encerrar com chave de ouro nosso surpreendente dia de pesca.


O dia do Meu Velho

O último dia de pesca foi particularmente emocionante para mim. Novamente, só eu, meu avô e o guia Ronaldo saímos para pescar. 
Como eu já havia alcançado meu objetivo, dedicamos esse dia à alegria do meu velho, que tem preferência por uma pescaria mais leve e com mais ações, e isso o Araguaia nos oferece sem dificuldade. 
O ponto escolhido para passarmos o dia foi novamente a região do desemboque do Rio Crixás, onde encontramos um enorme cardume de cachorras-largas. Entre as cachorras, sempre aparecia um mandubé ou apapá para comprovar a piscosidade do Rio das Araras Vermelhas.
Bom mesmo era ver a alegria no rosto do Seu Rai a cada fisgada, momentos como esses não têm preço. 


E assim terminou nossa pescaria no afamado Araguaia, que mesmo não nos presenteando com tudo o que desejávamos, ensinou-nos, por duas vezes, que ansiedade exacerbada não nos leva a lugar algum. E mesmo assim, o rio não decepcionou e permitiu que fisgássemos alguns de seus troféus.
Quanto à piraíba, só a oportunidade de ver uma frente a frente já vale cada quilômetro percorrido. Fisgar uma fica para uma próxima vez, talvez não fosse a hora certa, talvez - ainda - nos faltasse fé.

Por Pedro Daher